sexta-feira, 24 de abril de 2009

As coisas que começam no tempo

- Onde tu andava?
- Por aí.
- Mas é tão tarde...
- Também acho.
- Então porque não veio para casa dormir cedo?
- Porque é tarde.
- ?
- Tarde para nós, entenda.
- Como assim? Tá dizendo que vamos terminar?
- É...
- Covarde.
- Peraí! Está sendo duro para mim...
- Duro? Tu és um molengão, isso sim!
- Agora quem não entende sou eu.
- Nunca encarou nada de frente. E vem falar em dureza, que está sendo difícil acabar.
- Pensei muito. Não queria te magoar...
- O que me magoa é essa tua falta de vontade para encarar as coisas de frente.
- Deveria ter vindo logo aqui e brigado, então?
- Não. Deveria ter sido homem para resolver o problema.

Virou as costas e foi embora, ela. Faz 17 anos, três meses e sete dias. E ontem ele a viu de novo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por um instante, pensei que o texto fizesse apologia à nós...
Aquela noite e tal... Mas, quando li a última linha, perdi completamente as esperanças! ;)
Beijos, com ternura...