quarta-feira, 16 de julho de 2008

6/7

Sempre que se encontram, sorriem. Ela, depois ele. Não dá para dar bandeira, pensa.
Bandeira?
Sei lá. Na verdade, queria dar bandeira. Queria que ela soubesse de tudo. Da primeira frase ao último verso, tudo o que fosse seu. Desconfiado, contou partes desiguais para que tivesse saídas e fugas. Ela é esperta. E entendeu.
E os olhos surpresos revelaram-se aflitos, depois contentes. E foram misturando-se aos desafios rompidos para que fossem pulando logo os discursos longos e caíndo, milímitro por milímitro, força e puxão, na cama ou no sofá. Depois foi o chão, as paredes, a boca e suas adjacências, seios, pernas, tudo embretado e quente, pelando, aberto. A mão espalhando o tesão.
Quando reparou num instante que milhares de gostas de suor se formaram na testa dela para no segundo seguinte molharam o cabelo, não tinha mais volta. Eram as horas que passaram ali e mais nada. Os braços já tremiam fracos. Pensou que se dependesse agora das pernas, não poderia andar.
Ir embora para quê?
A casa dele seria hoje e para sempre o corpo dela.

2 comentários:

Anônimo disse...

lindo.

O Cérebro disse...

Obrigado... são seus olhos!