quinta-feira, 13 de março de 2008

Um de três

Acendeu a luz e, de repente, o dia artificial invadira a noite de seu quarto de solteiro. Era a insônia que o visitava de novo, sem licença ou permissão. Os olhos purgavam a inconveniência das horas enquanto a mente mantinha-se em dez mil giros por segundo. Estava acostumado.

Não lavou o rosto, mas viu-se diante do espelho como um completo e inútil desconhecido. Passara horas em volta de um pensamento escorregadio e insistente sobre uma mulher de boca suculenta e espessa, encarnada ou feita de sangue, que roubara de sua vida o sossêgo adormecedor ao contar confissões condecendentes ao paladar amoroso do seu passado coração.

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